sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O problema dos Universais na Idade Média

Na Idade Média foi grande o debate sobre o problema dos universais. Este é um problema que diz respeito à idéia e sua relação com a realidade (entre você e res). Existem 3 linhas de pensamento:

1) os realistas
2) os nominalistas
3) os realistas moderados

Os Realistas:

Para estes a essência enquanto tal subsiste por sim mesma, ou seja, tem existência própria. Basta lembrar de Platão com seu mundo das Idéias onde a essência possui uma realidade fora das coisas que seriam apenas cópias da Idéia. Por exemplo, a essência humana existiria fora dos homens concretos, ou seja, fora do João, do Pedro, do Joaquim, etc, e teria uma existência própria. Esta é a posição de Guilherme de Champeaux, de Gilberto de la Porrée e de David de Dinant.

 
Os Nominalistas:

Para estes não existiria uma essência, nada existiria fora da individualidade. As coisas seriam tão diferentes umas das outras objetivamente, ou seja, na realidade, que não teriam nada em comum; todo conceito universal existente em nós, estaria apenas em nossas idéias e portanto seriam apenas nomes coletivos que damos às coisas. Por exemplo, o João, o Pedro, o Joaquim etc seriam tão diferentes na realidade que não se poderia dizer que eles têm algo em comum e portanto toda tentativa de os agrupar seria um ato totalmente subjetivo. Esta é a posição de Roscelin e de Guilherme de Ockham.



Os Realistas Moderados:
Para estes tudo é individual, i.é., não existem seres universais com existência própria fora das coisas individuais, mas, diferentemente dos nominalistas, os realistas moderados defendem que a razão humana é capaz de fazer abstração das coisas individualizantes e apreender no individuo aquilo que ele tem em comum com outros. O universal só existe na inteligência e não na realidade, mas aquele tem por fundamento esta, não são apenas idéias sem vínculo com a realidade como querem os nominalistas. Esta forma de pensar denota o que é comum, ou seja, o modo de ser que é comum a todos os indivíduos da mesma espécie. Por exemplo, o João, o Pedro, o Joaquim etc têm em comum o nosso modo de ser, i.é, são homens e o intelecto faz abstração das notas individuais e exprime aquilo que nós temos em comum (ser homem) por meio de um conceito. A essência existe individualizada no ser e o intelecto, fazendo abstração do que é individual, faz surgir no conceito o que é universal (que compreende todos os indivíduos daquela mesma espécie). Esta é a posição Pedro Abelardo e de São Tomás de Aquino.

COMPREENSÃO E EXTENSÃO

Um conceito pode ser visto de dois modos:
1) enquanto compreensão
2) enquanto extensão


Enquanto compreensão:

Enquanto compreensão o conceito se refere às notas (ou aspectos inteligíveis) que sustentam uma determinada essência.
Ex1.: Animal possui as seguintes notas: é uma sustância, é um corpo vivo, é dotado de sensibilidade;
Ex2.: Homem possui as seguintes notas: é uma sustância, é um corpo vivo, é dotado de sensibilidade, é racional.
Como se pode notar a diferença entre homem e animal é apenas uma nota: a racionalidade; portanto o conceito Homem é superior, maior, que o conceito Animal, pois possui mais notas.

 Enquanto extensão:


Enquanto extensão o conceito se refere ao número de indivíduos que determinado conceito abarca, i.é. se refere à amplitude do conceito.
Ex1.: Animal se refere a todos os indivíduos que possuem sensibilidade
Ex2.: Homem se refere a todos os indivíduos que possuem alma racional
Como Homem possui sensibilidade o conceito Animal abarca o conceito Homem enquanto extensão, sendo, portanto, Animal superior a Homem

Uma Lei Geral no que concerne a Compreensão e a Extensão de um conceito é que estas são inversamente proporcionais, ou seja, quando maior a compreensão, menor a extensão e vice-versa: quanto maior a extensão, menor a compreensão.


Diferença entre Realistas moderados e Nominalistas:



Para os nominalistas, o que constitui primeiramente um conceito é a sua extensão;
Para os realistas moderados, o que constitui primeiramente um conceito é sua compreensão.

Para os nominalistas, o que o conceito representa de real são os indivíduos;
Para os realistas moderados, o que o conceito representa de real são as essências.

Para os nominalistas, o conceito é subjetivo, pois não existe essência em si mesmas, são as idéias que fazem a coligação das notas;Para os realistas moderados, o conceito é objetivo pois expressa uma essência que existe no ser concreto.


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